Tenho um amigo que, desde de que o conheço, reclama por se achar uma pessoa azarada.
Ele repete isso, cada vez que alguma coisa dá errado. E ele fala isso muitas vezes.
Eu não me incomodava tanto, mas de uns tempo pra cá esse comportamento tem me irritado bastante.
Além de sempre maldizer da própria sorte (ou falta dela), sempre reclama e fica deprimido por qualquer motivo. Felicidade é contagiante... mas baixo astral também. Por isso, pensei em algumas coisas pra dizer pra ele.
O que aconteceria se todo mundo colocasse a vida nas mãos da sorte ou do azar?
Culpar o azar cada vez que algo não dá certo, é sentar na cadeirinha acolchoada e mimosa de vítima. O confortavel espaço daqueles que não querem ser apontados por suas incompetências ou deslizes, tão humanos...
Algumas pessoas ficam tão confortáveis nessa posição que fazem do azar a desculpa para suas frustrações.
É mais fácil desistir de tudo sem ter que dar muita satisfação. "Ah, isso não deu certo. Puro azar...", "Nunca tenho sorte com essas coisas. Sabia que não ia dar certo"...
Colocar a culpa em agentes externos imaginários é a batida em retirada dos fracos e oprimidos.
E a sorte?
Sorte, tem aquele que consegue quase tudo o que quer. Aquele que vence, é respeitado, tem um bom emprego, uma boa família, saúde...
A sorte, na verdade, é muito mais fruto da dedição, empenho, confiança e senso de merecimento, do que uma simples obra do acaso.
Até mesmo pra ganhar na loteria é preciso jogar, certo?
Então, tem gente que nunca joga e reclama que não ganha.
O mesmo vale pro azar. Quem tanto aposta nele, uma hora ganha de presente na cabeça.
Lutar e desejar o melhor pra nossa própria vida são escolhas que independem de sorte.
Por isso, pra esse meu amigo, eu desejo coragem e não sorte. Um medroso não saberia o que fazer com ela.
Mas quem tem coragem, sabe o que fazer com as duas coisas.
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